Feministas contra o governo brasileiro

 

A elite brasileira tem jogado o país em mais uma grave crise política e econômica. Uma crise que vem corroendo a economia nacional, o sistema de proteção social e de direitos humanos e explicitando a deficiência do atual sistema político – elitista, racista, patriarcal, clientelista, nepotista, conservador. Uma crise que fragiliza a autonomia política internacional brasileira aprofundando a subordinação do país aos interesses do capital transnacional financeirizado, e quebrando as possibilidades da integração regional que vinha na perspectiva de diminuir as profundas desigualdades que acompanham historicamente o Brasil e outros países do Hemisfério Sul. 

Em abril o Brasil foi convulsionado pelas delações que desmoralizam a coalizão golpista no poder, a mesma coalizão que se instalou com a bandeira do combate à corrupção. O que se vê hoje, no Congresso Nacional, é um contingente de parlamentares a abandonar o barco do governo que ajudaram a colocar no poder. A máscara da Lava Jato caiu, ao ver evidenciado seu papel de “protetora” de partidos golpistas. A face antinacional, desonesta e corruptora dos grandes empresários está exposta em praça pública. Certos da queda de seu “líder”, golpistas não hesitaram em defender energicamente a Constituição para garantir eleição indireta para Presidente. Com que autoridade parlamentares evidencialmente vendidos, que deslegitimaram a decisão popular com o golpe, querem eleger um substituto de seu ex-representante? Com que autoridade defendem a Constituição, neste ponto, se até a semana passada Governo e sua base parlamentar estavam mudando o texto da Carta Magna em benefício de sua meta usurpadora de direitos?

Nós, da Articulação de Mulheres Brasileiras, exigimos a democratização do poder para todas as brasileiras e brasileiros. Não abrimos mão do exercício da soberania popular por meio do voto, nem da participação popular efetiva através de um debate profundo a respeito de propostas de futuro para o Brasil que tenham como centralidade a ampliação de espaços de representação participativa. Queremos barrar as contrarreformas das leis trabalhistas e da Previdência que ameaçam cidadãos e cidadãs que vivem do próprio trabalho.

É hora de avançar para derrubar todas as leis e propostas de leis deste governo ilegítimo e de defender as terras indígenas, quilombolas, os territórios pesqueiros tradicionais, a agricultura familiar, a agroecologia, a economia solidária e todas as políticas de promoção da distribuição de renda. É hora de devolver ao povo as Secretarias de Mulheres e Igualdade Racial que foram resultados das lutas sociais. É hora de defender as reservas ambientais, todas ameaçadas de venda a transacionais. É hora de manter a soberania e o controle em setores estratégicos como petróleo, água, agricultura, minérios, comunicações e internet. É hora de Impedir o acordo com os EUA para entrega da Base de Alcântara. É hora de resistir com mais força à venda do Pré-Sal e garantir os recursos para Saúde e Educação públicas. É hora de derrubar a lei de teto para Saúde e Educação! É hora de reverter o desmonte de universidades e setores de pesquisa em ciência e tecnologia. É hora de derrubar o presidente ilegítimo, machista, racista, lesbofóbico e transfóbico e sua política privatista subordinada aos interesses mais espúrios de grandes empresas multinacionais. É hora de renovar este Congresso corrupto, em sua grande maioria, e desmoralizado para legislar sobre nossas vidas, pois não trabalha pelos interesses da população, mas sim pelos de quem financiou suas campanhas. É hora de exigir Eleições Gerais, Diretas Já!

Por Articuação de Mulheres Brasileiras

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